terça-feira, 6 de agosto de 2013

Caçando capivaras

Um passeio de domingo pelo parque Barigui aqui em Curitiba me inspirou a escrever um post sobre meu avô David, caçador.
O domingo estava perfeito apesar do inverno de Curitiba, sol, temperatura agradável, parque cheio e a capivara nem aí para o pessoal, ela só se incomodou e saiu de cena quando tentei chegar mais perto para aquela foto de capa, mergulhou no lago e foi se encontrar com as outras.

Wikipédia
capivara (Hydrochoerus hydrochaeris)

Aí lembrei do meu avô, ele não iria acreditar se eu lhe mostrasse essas fotos, que eu cacei uma capivara com uma câmera fotográfica, e muito menos se lhe contasse que elas vivem aqui num parque e que nos é que interferimos na vida delas, e elas só para sacanear deixam seus montículos bem no meio das pistas de caminhar e correr para nos lembrar disso.
Meu avó era um caçador nato, ...sim nato,... porque a caça na época dele era quase que um meio de subsistência no interior, desde novo se aprendia a caçar, mas não como esporte, a caça era a carne que se colocava na mesa. A caça era exclusivamente para isso, não era predatória.
Houve épocas em que a criação de animais domésticos ainda era muito pequena ou mesmo não existia porque no início da exploração da terra, principalmente quando meu avô veio para Terra Vermelha (localidade próxima de São Mateus do Sul as margens do Rio iguaçu) era só mata virgem onde abriam pequenas clareiras para montar suas casas e plantar, "conforme relatos no livro Água Azul - a história de um povo, de João Martinho Meira". Então a caça fornecia a carne.
Mas com as capivaras meu avô tinha uma relação um pouco diferente pelo que ele relatava em seus "causos", ele não gostava muito. Acontecia que as plantações eram atacadas por bandos de capivaras causando enormes prejuízos. Acredito que já era na época apesar de bem remota, anos 30/40 um desequilíbrio pela presença de culturas de milho praticamente a beira do Rio Iguaçu onde meu avô plantava, com alimento farto aumentava a população de capivaras.
Então meu avô e seus camaradas nas épocas em que o milho estava ficando maduro e as capivaras começavam a aparecer, montavam estruturas de madeiras em pontos estratégicos e ficavam a noite de campana para espantar as capivaras e ao mesmo tempo caçar algumas. Como elas eram muito selvagens era difícil caça-las, e essa era um meio que usavam, era uma luta difícil elas sempre retornavam. Pelo que lembro dos relatos os ataques as plantações eram mais noturnos, não sei se era porque de dia estavam trabalhando por perto e evitavam a aproximação dos animais ou se por serem muito selvagens, elas saiam para comer só a noite.
E falando em caça, carne de caça, ... huumm!...  minha avó era especialista no preparo de vários pratos, lembro de ter provados almôndegas de carne de capivara, uma delícia!  Só que essa carne já era de capivara caçadas por amigos de meu avô e em épocas bem mais recentes, que eu já existia, isso lá por 1962, onde encontrar uma capivara perto do Iguaçu já era tarefa de caçador especialista, tal a raridade, acho que chegou perto da extinção.
Mais tarde com a proibição da caça e proteção da espécie, chegamos hoje ao que temos, vários parques com muitos animais passeando tranquilamente. Existem também vários parques ambientais onde se preserva a espécie e a população de capivaras tem aumentado muito.
Se você quer saber mais um pouco sobre capivaras, no link abaixo você encontra um estudo interessante, "Comportamento de capivaras em área verde urbana no município de Curitiba, PR", é só clicar aqui.
E por conta da preservação e criação de parques ambientais já está havendo um aumento grande da população causando de novo desequilíbrios e grandes prejuízos. Veja nessa reportagem da Globo: clique aqui



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